Lideranças políticas e empresariais de Santa Catarina e do Paraná lotaram
o auditório da Universidade do Contestado, nesta sexta-feira (6), em
Porto União, num encontro promovido pela Frente Parlamentar das
Ferrovias. Oito deputados estaduais e federais, 20 prefeitos e
vice-prefeitos, 20 vereadores, representantes de associações de
municípios e várias entidades do setor produtivo e turístico se reuniram
com representantes da empresa América Latina Logística (ALL) para exigir
a reativação da Ferrovia do Contestado. O trecho contempla 613
quilômetros entre o município de Mafra e a cidade gaúcha de Marcelino
Ramos, passando por Porto União, mas está desativado desde o final dos
anos 90.
Coordenador da Frente Parlamentar das Ferrovias, o deputado estadual Pedro
Uczai comemorou o grande número de lideranças que participaram do encontro
e os resultados alcançados. "Essa é uma luta de todos. Nosso único
objetivo é unirmos forças para que possamos ter essa ferrovia voltando a
funcionar o mais breve possível, pela importância econômica, social e
cultural que ela tem para a região. Não somos contra a ALL ou quem quer
que seja, mas precisamos que a empresa tome uma decisão: ou retome as
operações, ou devolva a ferrovia ao governo federal", disse o deputado, ao
defender que a ALL reative o trecho ou devolva ao governo federal. Uczai
também destacou a importância de outros trechos ferroviários
complementares à Ferrovia do Contestado, a exemplo da Ferroeste – estatal
paranaense que também participou do evento.
Um dos principais apoiadores do movimento pela reativação da Ferrovia do
Contestado, o prefeito de Porto União, Renato Stasiak, se disse emocionado
com o encontro: "Essa participação dos dois estados demonstra a
importância da ferrovia para a região. Esperamos que este encontro de hoje
seja o início da retomada deste importante instrumento de
desenvolvimento", destacou.
ALL promete concluir estudo de viabilidade até dezembro
Depois de quase três horas de debate e manifestações incisivas sobre a
importância da ferrovia voltar a operar para impulsionar o desenvolvimento
regional, a empresa responsável pelo trecho apresentou um cronograma de
trabalho que se estende até o próximo ano e se comprometeu a buscar uma
solução para o problema. "A ALL não vai ser obstáculo. Se os clientes não
apresentarem a demanda necessária de cargas, vamos estudar a possibilidade
de devolver o trecho ao governo federal", afirmou o diretor de gente e
relações corporativas da ALL, Pedro Almeida. Ele alegou a baixa demanda de
cargas para justificar a desativação da Ferrovia do Contestado, mas
afirmou que até o final de dezembro a empresa pretende concluir um estudo
de viabilidade econômica e, caso os resultados forem positivos, em agosto
de 2010 alguns trechos já poderão ser reativados.
A baixa demanda de cargas foi contestada por várias lideranças, entre elas
o representante da Associação dos Amigos do Trem de Porto União e União da
Vitória/Ferrovia do Contestado, Marcelo Roveda, que informou que
aproximadamente 140 mil toneladas de areia por mês são transportadas para
a região oeste de Santa Catarina pelas rodovias. "Somente a areia já tem
uma demanda enorme", disse ele. O argumento foi reforçado pelo presidente
da Associação Empresarial de Porto União (Acipu), Aloísio Salvatti, ao
ressaltar que o transporte ferroviário poderia potencializar ainda mais a
região que é responsável por 33% da produção nacional de esquadrias e
aberturas. São cerca de 1,6 milhão de unidades de portas produzidas por
ano, em 180 indústrias que geram 15 mil empregos. "A ferrovia é
fundamental, tanto pelo baixo custo e agilidade do transporte quanto pela
questão ecológica", ressaltou Salvatti, ao lembrar que o escoamento da
produção de soja e milho na região também carece da malha ferroviária.
Ao final do encontro, as lideranças divulgaram a Carta de Porto União, em
que manifestam a necessidade da reativação da Ferrovia do Contestado para
promover o desenvolvimento regional, exigindo da ALL a retomada dos
serviços ou a devolução do trecho ao governo federal. A carta também fala
da importância do transporte ferroviário para um meio mais barato, seguro
e ambientalmente sustentável, e manifesta apoio à criação da Ferrosul, a
exemplo do BRDE, com o propósito de planejar, construir e operar ferrovias
no Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além
de integrar o Sul com a Ferrovia Norte-Sul e com os demais países da
América do Sul.
Fonte: Assessoria de Comunicação
Deputado Estadual Pedro Uczai