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Mafra – Quase mil produtores rurais do Norte de Santa Catarina e do Sul do Paraná participaram ontem, em Mafra, de um protesto contra a falta de incentivos ao agronegócio. Os agricultores querem menor taxa de juros para financiamentos, maior prazo de carência para quitar as dívidas, além de mudanças na política econômica, porque devido ao dólar baixo, as exportações de grãos representam prejuízos para quem produz.
Outras mobilizações pelo Sul do Brasil estão previstas para os próximos dias. Além de caminhoneiros que projetam greve geral, os agricultores prometem fechar, no mesmo dia, rodovias federais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Na mobilização de ontem, foram fechadas, por quase duas horas, as BRs 116 e 280. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, o congestionamento chegou a 30 quilômetros. Nenhum incidente foi registrado.
A mobilização pacífica contou com a presença de líderes sindicais de diversos municípios da região. Mais de 300 tratores foram usados para fechar as rodovias. Todos traziam bandeiras do Brasil. “Trazemos o verde e o amarelo do nosso país, não o vermelho das invasões de terra e da vergonha da política nacional”, disse Milton Antunes, um dos organizadores.
Para o presidente da Cooperativa de Produtores do Norte de Santa Catarina (Coopernorte), João Francisco de Mattos, o movimento serviu para mostrar a insatisfação dos agricultores com o governo federal. Já o agricultor Carlos von Linsingen Junior fez o discurso mais inflamado do dia. Disse que o presidente Lula somente tem arroz e feijão na mesa por causa dos agricultores, mas não dá a atenção devida ao setor. “Dizem que a economia brasileira se alicerça na agricultora, mas tratam o setor de forma vergonhosa”, disparou. Ele reclamou, ainda, da alta carga tributária brasileira, em torno de 38% ao ano.
Segundo o agricultor Laires Bodanese, essa é a pior crise pela qual passa o setor agrícola nos últimos 40 anos. Ele disse que inicia nos próximos dias a colheita de soja e milho em suas terras, mas devido à baixa cotação do dólar, exportar representa prejuízo. Já o mercado interno, não absorve toda a produção de grãos brasileiros.
Fonte Jornal A.N 11/04/06.