Trabalho infantil e saúde dos produtores é debatido em Ciclo de Conscientização
O município de Papanduva, em Santa Catarina, recebeu o evento para discutir temas como direitos da criança e do adolescente e a saúde e a segurança do produtor rural.
Um grande público participou do 11º Ciclo de Conscientização sobre Saúde e Segurança do Produtor e Proteção da Criança e do Adolescente, na tarde desta terça-feira, 02 de julho, em Papanduva (SC). Aproximadamente 500 pessoas, entre produtores de tabaco, agentes de saúde, diretores de escolas, conselheiros tutelares e autoridades compareceram ao evento com o objetivo de discutir temas importantes como trabalho infantil, utilização da vestimenta de colheita e cuidados no manejo de agrotóxicos.
Promovido pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e empresas associadas, com apoio da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), desde 2009, o Ciclo de Conscientização atende aos acordos firmados perante o MPT-RS e MPT-Brasília e já conta com a participação de mais de 25 mil pessoas de 60 municípios.
Para o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, “ao adotar condutas que cuidam da saúde e bem-estar de todos os envolvidos no processo de produção, preservamos também o próprio negócio, considerando que exportamos boa parte da nossa produção e o mercado externo busca produção sustentável, com garantias de que não foi produzido por mão de obra infantil ou às custas da saúde e segurança dos produtores”. O executivo reforça a mensagem de que os processos mudaram, tanto na forma de se comunicar, como de gerir a propriedade. “Os jovens precisam estar hoje muito melhor preparados para enfrentar os desafios. A educação vem de casa, mas o conhecimento adquirido na escola é fundamental para o desenvolvimento pessoal e profissional”, complementa.
O gerente de assuntos ambientais da Afubra e coordenador geral do Projeto Verde é Vida, Adalberto Huve, endossa o movimento de conscientização. “Nós sabemos o quanto o tabaco é importante aqui no Sul do Brasil. Educação hoje é a melhor herança que podemos deixar para os nossos filhos. Se todos nós trabalharmos em conjunto para levar o conhecimento e esclarecimento à cadeia produtiva a sustentabilidade do negócio se torna mais nobre”. Adalberto reforça que apenas o trabalho coletivo possibilita o desenvolvimento e crescimento individual.
Com quase 1,4 mil produtores de tabaco, Papanduva está entre os maiores produtores da folha no Rio Grande do Sul, estado responsável por quase 50% da produção de tabaco no País. O prefeito em exercício de Papanduva, João Jaime Ianskoski, o presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Tafarel Schons, além de autoridades locais, acompanharam a programação que iniciou com um bate-papo sobre proteção da criança e do adolescente com a participação do procurador aposentado pelo Ministério Público do Trabalho, Veloir Dirceu Fürst, e da advogada e socióloga, Dra. Ana Paula Motta Costa. Em um vídeo em formato de perguntas e respostas, eles responderam questionamentos comuns dos produtores sobre o tema trabalho infantil.
No Brasil, o decreto 6481/2008 regulamentou duas convenções internacionais, seguindo a recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o que colocou o tabaco na lista de formas de trabalho e, portanto, proibidas para menores de 18 anos. O trabalho infantil se caracteriza ao utilizar crianças ou adolescentes para substituir a mão de obra adulta necessária, privando-a de educação ou de momentos de lazer.
Na sequência, o Dr. NikoTino trouxe informações sobre a correta aplicação, manuseio e armazenagem de agrotóxicos, bem como sobre a utilização da vestimenta de colheita. Conheça alguns dos pontos destacados por ele ou assista ao vídeo completa no canal do SindiTabaco no Youtube.
- Somente utilizar agrotóxicos registrados, de acordo com a receita agronômica;
- Manter o pulverizador em perfeitas condições de uso e sem vazamentos;
- Durante o manuseio e aplicação de agrotóxicos, sempre utilizar o EPI;
- Não permitir a aplicação por menores de 18 anos, idosos e gestantes;
- Armazenar os agrotóxicos em armário feito de material resistente, chaveado e destinado somente para esse fim, com acesso restrito a trabalhadores orientados a manuseá-los;
- Não reutilizar embalagens vazias de agrotóxicos para qualquer fim;
- Realizar a tríplice lavagem da embalagem vazia de agrotóxico, utilizando o EPI;
- Sinalizar áreas tratadas com agrotóxicos com placa específica para este fim;
- Usar sempre luvas impermeáveis e vestimenta específica para a colheita;
- Evitar colher quando as folhas estiverem molhadas pela chuva ou orvalho;
- Dar preferência aos horários menos quentes do dia para a colheita do tabaco;
- Além do momento da colheita, o produtor deve ficar atento durante o desponte, o carregamento e a cura/secagem das folhas.
O encerramento ficou por conta da peça teatral Rádio Fascinação, encenada pelo grupo de atores de Santa Cruz do Sul (RS), Espaço Camarim, que também interagiu com o público e relembrou os principais pontos de forma lúdica e bem-humorada.