• 61% foi o percentual de recursos do convênio FNDE/PNAE que a alimentação escolar do município aplicou na compra de produtos da agricultura familiar local e da região em 2016
Há sete anos a Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Cultura utiliza em boa parte da alimentação escolar (merenda), produtos oriundos da agricultura familiar de Mafra. Em 2010, 49% dos recursos financeiros repassados pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação)/PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), foram utilizados na aquisição de alimentos diretamente da agricultura familiar.
Desde então os índices foram aumentando como em 2015 que foi de 80% e 2016 de 61%, que reflete o valor de R$ 409.431,30. Estes valores são relativamente maiores daquele exigido pela lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009 – artigo 14 – “Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas”. Para a nutricionista da Secretaria e responsável técnica pela alimentação escolar, Giovana Andréa Zanini Kundlatsch, esse percentual mostra como produto local é valorizado. “O maior benefício que ganhamos é a qualidade da alimentação escolar, pois é uma variedade muito grande de produtos que oferecemos produzidos na nossa terra e muitas vezes até por agricultores que são pais de alunos da nossa rede”, comentou.
Variedade e qualidade
Este ano foram acrescentados mais produtos à lista de compras, a fim de diversificar a oferta de nutrientes aos 5.584 alunos da rede municipal de ensino: mel, peixe, feijão milho verde, melão, repolho roxo e pimentão. Os alunos da Educação Infantil fazem três refeições por dia – café da manhã, almoço e lanche e os do Ensino Fundamental, lanche (manhã e tarde). No cardápio, além dos produtos novos, já constam hortaliças, legumes e verduras (beterraba, cenoura, batata, abóbora, banana, caqui, pera, maracujá, morango, tangerina, pinhão, suco de uva integral, entre outros, priorizando a sazonalidade dos mesmos. A aquisição dos produtos é feita por intermédio de cooperativas como a Cooarpa (Cooperativa Agrícola Regional dos Pequenos Produtores de Mafra) e a Unipafi (Cooperativa da Agricultura Familiar de Itaiópolis), esta última ofereceu frutas que não são produzidas em Mafra como pera, caqui e maracujá.
O agricultor Reginaldo José Jankoviski, de Itaiópolis entregará no total do processo a quantidade 2500kg de pera, 1700kg de caqui e 850kg de maracujá à Educação de Mafra. “Estas frutas são sazonais de março, abril e maio e produzimos em Itaiópolis. Há três anos estas frutas são oferecidas às crianças e elas tem aprovado”, disse. Além deste município, a alimentação conta com Bela Vista do Toldo no fornecimento de suco de uva integral.
Já a agricultora de Mafra, Dinaci Stockshneider Schelbauer, da localidade de São Lourenço, fornece mensalmente à Educação produtos como morango (200 a 300kg), aipim (700kg), batata doce (500kg) e o produto desta época do ano – pinhão (300kg). Para Dinaci, a venda para alimentação escolar representa 80% de sua arrecadação e também uma satisfação em fornecer alimentação para os alunos. “Fico orgulhosa em ver que o que produzo em minha propriedade está alimentando crianças. Olhar a mesa da escola na hora do lanche e ver que estão servindo o que produzi”, disse, ressaltando a qualidade na procedência da mercadoria da agricultura familiar. “Uso produtos biológicos para combate de pragas e um técnico agrícola acompanha para controlar. E isso reflete na qualidade do produto”, concluiu.
Necessidades especiais na alimentação
Onze escolas têm alunos que requerem atendimento diferenciado na alimentação. Sendo assim, a Educação procura adaptar o cardápio às necessidades ou restrições das crianças. Dentre as necessidades especiais estão: intolerância à lactose, alergia e intolerância ao glúten, diabete, síndrome nefrótica, hipertensão, alergia à proteína do leite, entre outras. “Os produtos específicos não são fáceis de conseguir e são mais caros, mas são comprados. Também vamos às escolas para conversar com os pais destes alunos sobre a alimentação deles”, explicou a também nutricionista da Secretaria, Letícia Pimentel da Silva.
Práticas saudáveis
As escolas tem trabalhado práticas de alimentação escolar e nutricional com seus alunos para incentivá-los no consumo de produtos saudáveis. Uma prática comum é a horta que grande parte das escolas cultiva. Aulas de culinária, teatro e diversas outras atividades sobre alimentação são trabalhadas dentro e fora da sala de aula, como na EMEB Avencal do Saltinho que irá executar nos próximos meses o preparo de compotas e conservas e chamará uma avó da comunidade para contar histórias sobre esta prática. Já na EMEB Evaldo Steidel, no mês passado, trabalhou com a fábrica de chocolate – da origem ao processamento do cacau. O CEM Benemérita Fiorige Bona está desenvolvendo o tema festas na escola, com temas relacionados à alimentação, como o já trabalhado na Páscoa “o que o coelho come”. No CEI Ana Rank fazem culinária de docinhos saudáveis para comemorar os aniversários na escola. “Todas as escolas estão executando alguma prática de Educação Alimentar e Nutricional. Cada uma trabalha dentro de sua realidade”, explicou Giovana.
Alimentação em números
Para se ter uma ideia de quanto uma escola de porte médio consome em alimentos, a recentemente municipalizada EEB Mário de Oliveira Goelder, por exemplo, conta com 550 alunos. Por mês a escola recebe para lanche dos períodos da manhã e tarde: 80kg de batata, 60kg de cenoura, 200 espigas de milho, 40kg de tomate, 130kg de banana, 100kg de pera, 60 pacotes de posta de cação, produtos provenientes da agricultura familiar, além de 420 litros de leite. Para a secretária da pasta, Estela Maris Bergamini Machado, a agricultura familiar ocupa um lugar importante na economia doméstica das famílias e compõe o leque das principais atividades agrícolas rurais realizadas na região. “Fortalecer esse segmento agregando a qualidade na merenda escolar é fundamental, pois estamos estimulando a diversificação produtiva como estímulo à segurança alimentar e geração de renda”.
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Assessoria de Comunicação
Carlos Eduardo Tadeu Rayel/Assessor